Os Ciganos - Grupo Ponto de Partida - Foto de Divilgação. |
De início é
preciso deixar claro que a escolha foi feita por admiração da história e da
atuação do grupo, pois o que se propõem a fazer se configura o anseio de muitos
grupos e a forma como conseguiram, traz respostas às indagações de quem segue
os mesmos caminhos. Devido à escassez de projetos culturais em Conselheiro
Lafaiete a observação do entorno foi inevitável.
Neste, desponta,
em relação aos demais projetos, o projeto “Ponto de Partida”. Iniciado há 32
anos como um movimento que se propunha movimentar a vida cultural da cidade de
Barbacena, o Ponto de Partida se tornou um grupo de teatro que sobrevivia, como
ainda o faz, graças à qualidade de seus projetos. Esse primor pela qualidade rendeu
ao grupo uma “Associação de Amigos do Ponto de Partida” que através de
contribuições mensais, somada a eventos e bilheteria dos espetáculos, auxiliou
a manutenção do grupo por anos até as mudanças no cenário da economia cultural
demandassem as leis de incentivo e outras formas de fomento. Além disso, o
grupo investiu na criação de uma rede de contatos que o auxilia até os dias de
hoje.
Em Meio às
mudanças o grupo parou suas atividades para se adaptar à nova conjuntura e elegeu
uma forma de gestão colaborativa que vem dando muitos frutos. Hoje, conta com a
Lei Rouanet para o projeto “Expedições” em seu segundo ano. O projeto que no
ano passado, levou a estrutura profissional do grupo com espetáculos de
qualidade internacional aos rincões do Brasil; este ano, leva o grupo ao
interior de Minas. Ainda, é responsável pela formação ou o trabalho de 251
pessoas divididas em seus vários projetos, entre eles a “Bituca: Universidade
de Música Popular” gratuita e os “Meninos de Araçuaí” projeto em parceria com o
CPCD do Vale do Jequitinhonha. O grupo Ponto de Partida também se preocupa
em manter a identidade patrimonial da cidade onde se situa por, através do
Fundo Estadual de Cultura reformar um conjunto arquitetônico de grande
importância histórica onde mantém seus projetos.
Ver um projeto
como este fora do eixo Rio-São Paulo dar frutos, ganhando repercussão nacional
e internacional faz com que se possa acreditar na eficácia das políticas
culturais atuais. Porém, é digno de nota que o próprio grupo avalia seus
empreendimentos como totalmente dependentes desses recursos, em suas palavras
“de autossustentabilidade impossível”.
Isso nos remete a
conceitos levantados na ocasião do último fórum “Patrocínio, Fomento e
Investimento” onde foi discutida a necessidade de estabelecer parâmetros que
enquadrariam determinados artistas e projetos como autossustentáveis. Dentro
desses preceitos passar-se-ia a uma estipulação através de ações afirmativas,
cotas de incentivo com base nesses parâmetros. Poderia desse modo, levar a uma
maior alternância nos resultados dos editais, visto que se partiria do simples
entendimento de que através de um plano organizacional e de seguidas
oportunidades em que determinado projeto tenha sido amparado, este teria
condições de se autossustentar e cederia lugar a outros projetos que ainda não
atingiram esse patamar.
Uma ação como
esta elevaria o grau de desenvolvimento cultural do país visto que, até mesmo
no caso dos fundos de cultura, a alternância seria percebida e ai sim
poder-se-ia, em outro cenário, ajustado por essas ações e pelo tempo, voltar ao
modelo atual. O que leva a uma indagação, o Grupo Ponto de partida conseguiria
manter seus projetos nessa outra conjuntura? A história do grupo dá o vislumbre
de que se adaptariam novamente, mostrando também que é possível desenvolver uma
política mais voltada para a autossuficiência e para a renovação dos projetos amparados.
Referencial Bibliográfico:
BOTELHO, Isaura. Dimensões da Cultura e
Políticas Públicas. In: http://www.scielo.br/pdf
/spp/v15n2/8580.pdf.
Acesso em 30-06-2012.
COELHO, José Teixeira. Dicionário Crítico de Política Cultural: cultura e imaginário. São Paulo:
Iluminuras, 1999.
FERNANDES, Fernanda. Ponto de Partida: um país em cena. Belo
Horizonte: Funalta, 2011.
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