segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Patrocínio, Fomento e Investimento: Ponto de Partida

Os Ciganos - Grupo Ponto de Partida - Foto de Divilgação.

De início é preciso deixar claro que a escolha foi feita por admiração da história e da atuação do grupo, pois o que se propõem a fazer se configura o anseio de muitos grupos e a forma como conseguiram, traz respostas às indagações de quem segue os mesmos caminhos. Devido à escassez de projetos culturais em Conselheiro Lafaiete a observação do entorno foi inevitável.
Neste, desponta, em relação aos demais projetos, o projeto “Ponto de Partida”. Iniciado há 32 anos como um movimento que se propunha movimentar a vida cultural da cidade de Barbacena, o Ponto de Partida se tornou um grupo de teatro que sobrevivia, como ainda o faz, graças à qualidade de seus projetos. Esse primor pela qualidade rendeu ao grupo uma “Associação de Amigos do Ponto de Partida” que através de contribuições mensais, somada a eventos e bilheteria dos espetáculos, auxiliou a manutenção do grupo por anos até as mudanças no cenário da economia cultural demandassem as leis de incentivo e outras formas de fomento. Além disso, o grupo investiu na criação de uma rede de contatos que o auxilia até os dias de hoje.
Em Meio às mudanças o grupo parou suas atividades para se adaptar à nova conjuntura e elegeu uma forma de gestão colaborativa que vem dando muitos frutos. Hoje, conta com a Lei Rouanet para o projeto “Expedições” em seu segundo ano. O projeto que no ano passado, levou a estrutura profissional do grupo com espetáculos de qualidade internacional aos rincões do Brasil; este ano, leva o grupo ao interior de Minas. Ainda, é responsável pela formação ou o trabalho de 251 pessoas divididas em seus vários projetos, entre eles a “Bituca: Universidade de Música Popular” gratuita e os “Meninos de Araçuaí” projeto em parceria com o CPCD do Vale do Jequitinhonha. O grupo Ponto de Partida também se preocupa em manter a identidade patrimonial da cidade onde se situa por, através do Fundo Estadual de Cultura reformar um conjunto arquitetônico de grande importância histórica onde mantém seus projetos.
Ver um projeto como este fora do eixo Rio-São Paulo dar frutos, ganhando repercussão nacional e internacional faz com que se possa acreditar na eficácia das políticas culturais atuais. Porém, é digno de nota que o próprio grupo avalia seus empreendimentos como totalmente dependentes desses recursos, em suas palavras “de autossustentabilidade impossível”.
Isso nos remete a conceitos levantados na ocasião do último fórum “Patrocínio, Fomento e Investimento” onde foi discutida a necessidade de estabelecer parâmetros que enquadrariam determinados artistas e projetos como autossustentáveis. Dentro desses preceitos passar-se-ia a uma estipulação através de ações afirmativas, cotas de incentivo com base nesses parâmetros. Poderia desse modo, levar a uma maior alternância nos resultados dos editais, visto que se partiria do simples entendimento de que através de um plano organizacional e de seguidas oportunidades em que determinado projeto tenha sido amparado, este teria condições de se autossustentar e cederia lugar a outros projetos que ainda não atingiram esse patamar.
Uma ação como esta elevaria o grau de desenvolvimento cultural do país visto que, até mesmo no caso dos fundos de cultura, a alternância seria percebida e ai sim poder-se-ia, em outro cenário, ajustado por essas ações e pelo tempo, voltar ao modelo atual. O que leva a uma indagação, o Grupo Ponto de partida conseguiria manter seus projetos nessa outra conjuntura? A história do grupo dá o vislumbre de que se adaptariam novamente, mostrando também que é possível desenvolver uma política mais voltada para a autossuficiência e para a renovação dos projetos amparados.

Referencial Bibliográfico:
BOTELHO, Isaura. Dimensões da Cultura e Políticas Públicas. In: http://www.scielo.br/pdf
/spp/v15n2/8580.pdf. Acesso em 30-06-2012.
COELHO, José Teixeira. Dicionário Crítico de Política Cultural: cultura e imaginário. São Paulo: Iluminuras, 1999.
FERNANDES, Fernanda. Ponto de Partida: um país em cena. Belo Horizonte: Funalta, 2011.

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