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De início é importante conceituar
cultura. Esta é como que uma segunda natureza originada do contato do homem com
a natureza primeva. Sendo assim, entendemos a cultura como a intervenção humana na natureza, esta motivada, nos primórdios pelas necessidades mais básicas tais
como: a de proteger-se do frio ou de outros perigos à sua integridade física e
a de nutrir-se. Uma vez dominadas, essas necessidades foram tornando-se tanto mais
complexas, quanto mais complexa tornava-se a vida do ser humano. Gregário e insatisfeito
por natureza, o ser humano apurou suas querelas e incluiu necessidades
estéticas ao conjunto dessas outras. Entendido o fato de que o ser humano é
condição para a cultura, podemos passar ao entendimento de que a cultura também
o é para que se possa confirmar humano.
Uma vez que, para contornar suas
necessidades, o ser humano cria, produz; aparatos, instrumentos e apetrechos, não
observados na natureza primeva, podemos dizer que estava desenvolvendo os
pequenos aspectos que, posteriormente, no todo, formariam a cultura de sua
comunidade. Se produzidos, que outro nome lhe será dado senão: produto? Se este
produto é parte do que futuramente será conhecida como sua cultura, que outro
nome lhe será dado senão: produto cultural ou produto de sua cultura?
É possível pensar, partindo desse
pré-suposto, que os produtos culturais sempre existiram. A estes sempre fora
agregado um valor, no início de troca e posteriormente monetário. O que não
havia até determinado ponto da história humana era a figura do gestor destes
recursos e mais recentemente um estudo pormenorizado das ações deste gestor em
prol de uma maior eficiência pautada pela ética.
Ora, nos é possível afirmar que
tudo o que o homem faz é parte da cultura a qual o mesmo se permite pertencer,
pois podemos admitir que o homem guarde para si a faculdade de escolha quanto a
que grupo deseja ou não socializar-se. Também nos é possível afirmar amplo o
papel de um gestor cultural, como já foi feito no fórum anterior, sendo este
papel de mediador.
Um complicador que se apresenta a
todo esse campo conceitual é o da pós-modernidade em que todas as culturas “coexistem
em tensão”, dada à velocidade e dimensionalidade que um mundo conectado traz a
qualquer acontecimento ou feito do homem.
O processo conhecido como
globalização, não é algo novo. Guardadas as devidas proporções, já ocorreu durante
as conquistas de Alexandre, na expansão do Império Romano, no período em que a
humanidade singrou os mares e deu início às colonizações, nas grandes guerras e
crises. Novidades são a velocidade e a dimensão do processo atual de
globalização, que trouxe junto consigo dois processos antagônicos: o de pertencimento
e o de xenofobia.
O homem pós-moderno se sente, ao
mesmo tempo cidadão do mundo e abismal. No sentido de que tem ao seu alcance
todo o mundo, mas essa cultura globalizada não guarda os padrões da sua cultura
local. Tende, concomitantemente, ao comportamento paradoxal de participar de
tudo e proteger-se de tudo. A ponto de cunhar o termo “Glocal”, que guarda em
seu conceito a já mencionada coexistência em tensão de realidades antagônicas.
O cenário traz uma
problematização ainda mais ampla. A cultura local, seus produtos e espaços são
os pontos focais da ação do gestor cultural e lhe são afins, pois este se
desenvolveu como ser humano nesse meio, passou pelos processos e necessidades
inerentes a ele. Como conciliar isso com a nova estrutura Glocal? Como gerir os
produtos locais para a sociedade global e os globais para a comunidade local? A
pueril ciência a qual desbravamos está a enfrentar sua puberdade.
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