sábado, 26 de maio de 2012

Cultura e Gestão Cultural na sociedade Glocal.



http://infosthetics.com/archives/2009/02/glocal_immense_collaborative_image_explorer.html

De início é importante conceituar cultura. Esta é como que uma segunda natureza originada do contato do homem com a natureza primeva. Sendo assim, entendemos a cultura como a intervenção humana na natureza, esta motivada, nos primórdios pelas necessidades mais básicas tais como: a de proteger-se do frio ou de outros perigos à sua integridade física e a de nutrir-se. Uma vez dominadas, essas necessidades foram tornando-se tanto mais complexas, quanto mais complexa tornava-se a vida do ser humano. Gregário e insatisfeito por natureza, o ser humano apurou suas querelas e incluiu necessidades estéticas ao conjunto dessas outras. Entendido o fato de que o ser humano é condição para a cultura, podemos passar ao entendimento de que a cultura também o é para que se possa confirmar humano.
Uma vez que, para contornar suas necessidades, o ser humano cria, produz; aparatos, instrumentos e apetrechos, não observados na natureza primeva, podemos dizer que estava desenvolvendo os pequenos aspectos que, posteriormente, no todo, formariam a cultura de sua comunidade. Se produzidos, que outro nome lhe será dado senão: produto? Se este produto é parte do que futuramente será conhecida como sua cultura, que outro nome lhe será dado senão: produto cultural ou produto de sua cultura?
É possível pensar, partindo desse pré-suposto, que os produtos culturais sempre existiram. A estes sempre fora agregado um valor, no início de troca e posteriormente monetário. O que não havia até determinado ponto da história humana era a figura do gestor destes recursos e mais recentemente um estudo pormenorizado das ações deste gestor em prol de uma maior eficiência pautada pela ética.
Ora, nos é possível afirmar que tudo o que o homem faz é parte da cultura a qual o mesmo se permite pertencer, pois podemos admitir que o homem guarde para si a faculdade de escolha quanto a que grupo deseja ou não socializar-se. Também nos é possível afirmar amplo o papel de um gestor cultural, como já foi feito no fórum anterior, sendo este papel de mediador.
Um complicador que se apresenta a todo esse campo conceitual é o da pós-modernidade em que todas as culturas “coexistem em tensão”, dada à velocidade e dimensionalidade que um mundo conectado traz a qualquer acontecimento ou feito do homem.
O processo conhecido como globalização, não é algo novo. Guardadas as devidas proporções, já ocorreu durante as conquistas de Alexandre, na expansão do Império Romano, no período em que a humanidade singrou os mares e deu início às colonizações, nas grandes guerras e crises. Novidades são a velocidade e a dimensão do processo atual de globalização, que trouxe junto consigo dois processos antagônicos: o de pertencimento e o de xenofobia.
O homem pós-moderno se sente, ao mesmo tempo cidadão do mundo e abismal. No sentido de que tem ao seu alcance todo o mundo, mas essa cultura globalizada não guarda os padrões da sua cultura local. Tende, concomitantemente, ao comportamento paradoxal de participar de tudo e proteger-se de tudo. A ponto de cunhar o termo “Glocal”, que guarda em seu conceito a já mencionada coexistência em tensão de realidades antagônicas.
O cenário traz uma problematização ainda mais ampla. A cultura local, seus produtos e espaços são os pontos focais da ação do gestor cultural e lhe são afins, pois este se desenvolveu como ser humano nesse meio, passou pelos processos e necessidades inerentes a ele. Como conciliar isso com a nova estrutura Glocal? Como gerir os produtos locais para a sociedade global e os globais para a comunidade local? A pueril ciência a qual desbravamos está a enfrentar sua puberdade.

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