Alunos de Mentira.
“Não há mais nada a contar...” disse certo escritor, porém, insisto que na pequena Queluz existem seres ainda menores que conseguem pisar com suas patas gigantescas espíritos nobres de professores dedicados à causa elevada do conhecimento. Estes seres que vez por outra se assemelham a Bonecos de verdade nem sequer delatam suas mentiras como o boneco de Gepeto. Não dão a conhecer suas reais intenções, pois que, se os olhos são os espelhos da alma, nestes as cavidades não foram preenchidas. São capazes de atos de deliberada malícia e nem parecem ter sido gerados em ventre qualquer, uma vez que, nem o ventre de uma meretriz os acolheria. Não se irritem, aqueles aos quais não me refiro: Alunos de verdade que esmeram conhecimento e agradecem com o olhar brilhante de sabedoria ao incansável esforço de seus carinhosos e dedicados mestres, quase paternais. Infelizmente cada vez mais escassos em detrimento dos primeiros estão os segundos em qualquer grau de ensino. Gremmilins, verdes de inveja. Diabretes cheios de ira. Orcs de brutalidade sacal. Quaisquer desses monstros almejam uma centelha do que conseguem estes Bonecos de mentira. Cada vez que observam passos tristes de um docente se afastarem de uma sala de aula em direção ao refúgio que se tornou a sala dos professores.
Uma hipótese se faz necessária a este ponto ao qual chegamos: a quem se deve a culpa de tal situação? Ao costume, cada vez mais corrente, de dizer que escola deve sozinha, sem a costumeira ajuda da família, educar e ‘tomar conta’ das crianças. Ao descaso das autoridades de todos os âmbitos no que diz respeito a esta mesma educação. Qual será o motivo de adoráveis bebês se tornarem brutais adultos que, apesar a da alcunha, continuam a se portar nos ambientes acadêmicos como babuínos que numa rápida evolução descobriram o capital e se julgam os ‘donos da bola’?
Espere; o que vejo de minha webcam é o rosto cansado de um professor que fora traído por sua vocação de doar-se. Sinto pesar em constatar que este, no dia de hoje somente encontrou-se com Alunos de mentira e estes o fizeram derramar sobre seus livros, amarelados pelo constante manuseio, as salgadas águas que seu soldo não é capaz de apagar. Logo depois ele começa a sorrir ao receber uma mensagem preocupada de algum Aluno de verdade, um sorriso entremeado de soluços do choro recente. Observo claramente a mudança e pergunto o que ocorre, ele com o rosto novamente iluminado responde: “acabaram de chutar para longe a pedra que encontrei no meu caminho”.
Jean Dart (Sérgio Laviann)
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