terça-feira, 16 de novembro de 2010

Viva o Morto e morte ao Vivo: Vanitas vanitatum, et omnia vanitas

Vanitas Still-Life by CLAESZ., Pieter
Já perceberam como as instituições de ensino parecem dar mais valor à morte do que à vida? Este pensamento adormeceu em minha cabeça hoje ao perceber que alunos que se acidentam ou adoecem valem menos do que os que morrem. Por exemplo se um aluno se envolver em um acidente de transito e sobreviver não terá suas faltas abonadas pois já tem direito aos 25% de faltas, mas se morrer pode ser que a direção libere todos os alunos da aula no referido dia. Se é um professor que morre então três dias de luto e sem aula, mas se um aluno está com seu filho na UTI ele não tem sequer um dia de licença.
Será que estou enlouquecendo ou o principio da dignidade humana passou a valer mais em caso de morte do que em caso de vida? Não estou questionando a validade das homenagens post mortem e sim o descaso com os vivos. Todos são iguais perante a Lei e o direito à vida, requer como condição a existência de vida. Por sua vez a dignidade nada vale a alguém que já não está vivo, pois além de seu nome e de sua imagem nada restará para reclamá-la. Não obstante, quando alguém ainda vivo se sente menos digno em relação a alguém que nem mesmo poderia requerer tal mérito, se sente, o primeiro,  morto por constatar não merecê-lo.
Se estivéssemos nos tempos do sábio Rei Salomão talvez ele mandasse que matassem o sedento de igualdade para se sentir igual. Não para que o ato fosse realmente efetivado, mas para ver se algum cristão gritaria: "Não, dê ao homem a dignidade e o mérito que ele merece enquanto vivo, pois depois de morto tudo é vaidade!"
Em suas próprias palavras:  “A maior das vaidades, a maior das vaidades! Tudo é vaidade!" (Eclesiástes 1:2.)
"Louvem os mortos oh tolos desprezíveis porque sereis os próximos, louvem os vivos oh sábios doutores e, vivos, ouvireis louvores em vossos nomes." (Jean Dart, 1845)


Nenhum comentário:

Postagens populares