sexta-feira, 20 de novembro de 2009

JM Imóvel

E agora, JM?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, JM?
e agora, Você?
Você que tem nome,
que zomba dos outros,
Você que traz verbas,
que gasta, protesta?
e agora, JM?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem graça,
já não pode beber,
já não pode prometer,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o Aécio não veio,
o riso não veio,
não veio ninguém
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou
em Queluz nesta época,
e agora, JM?

E agora, JM?
seu doce bico,
seu instante de febre,
sua gula e gula,
sua colônia de açúcar,
sua lavra de votos,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio, - e agora?

Com a chave na mão
quer abrir o cofre,
não existe cofre;
quer viver em DF,
mas DF não te quer;
quer ir para Minas,
Minas não quer mais.
JM, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse,
a viola de Queluz,
se você acordasse,
se você caçasse,
aqueles secretários
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, JM!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
nem cem tucanos,
te salvariam.
sem parede nua
para se encostar,
sem carro importado
de mil cavalos,
você marcha, JM!
JM, para onde?

Nosso pão e nosso circo de cada dia [2]

Duas falcatruas/
Bravo, bravo!/
Uma sanguessuga/
Duas sanguessugas/
Bravo, bravo!/
Me/ dá/ to/do/ o seu dinheiro./
Depois de/ fe/ve/rei/ro/, o Leão./

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Nosso pão e nosso circo de cada dia [1]


Que                 luz.
Vai começar     o espetáculo.
O maior show da terra, o circo de
horrores que a Villa de Queluz
orgulhosamente apresenta
a sua face mais horrenda
façam fila e paguem
para entrar, mas
rezem para
sair.

Contos Verdadeiros da Fantática Villa de Queluz

Os Bun Hakus, ou traduzindo para o bom português: os buracos da cidade.
  Eles começam assim...
Veja como ficam por dentro...
Fotos: Fato Real

Sob os nossos pés existem mais coisas do que supõe nossa vã filosofia e em tantas ruas; na verdade nem tantas assim, mas em todas elas, pequena Vila de Queluz manifesta suas chagas nas quais diariamente solavancam-se as rodas dos automóveis de seus habitantes. Se for verdade que na morte o rico se igual ao pobre, também se refaz esta verdade nos Bun hakus. Não sendo possível evitar os seres dos quais falarei hoje, pelo menos na pequena Vila de Queluz, seria sensato conhecê-los não só na superfície, mas a fundo. Neste ponto é possível que alguém possa estar se perguntando “Será que este frances ficou maluco?” Asseguro que minha tese longe de se fundar na loucura, baseia-se em experiências empíricas de observação e coleta de dados reais. Vejamos! O que qualifica qualquer coisa como um ser? Melhor, o que diferencia os seres das demais coisas. Em primeiro lugar, segundo a ciência é a existência em si de vida. O que seria vida neste contexto a não ser a possibilidade de crescer e se reproduzir. Repito novamente que não estou insano, talvez esteja enganado! Cabe aqui uma conferência dos dados coletados. Os Bun hakus, traduzindo para o bom português, Os Buracos da cidade não crescem e se multiplicam? Ora isso realmente acontece! Será que estou ficando louco? Não cheguei a nenhuma conclusão, pois ainda não me detive na parte mais complicada de minha tese. Pretendo provar aqui que os Buracos da pequena Queluz não só são seres que crescem e se reproduzem (multiplicam, aumentam em número por suas próprias forças), mas também possuem consciência. “Ô francês danado sô...”, diriam num bom mineirês “...doido de pedra!” Será? Explicarei de forma bem simples o que quero dizer... O que se configuraria consciência, senão o fato de estar ciente de sua própria existência? Pois, além de ciente de sua existência eles também sabem que ficarão impunes mesmo causando, vez após vez, danos aos veículos da cidade. Sabem que ninguém fará nada contra eles. Como qualquer ser que se preze, os Buracos ganham mais consistência quando se aprofundam em autoconhecimento. A tendência destes seres é afundar a cidade inteira na busca de entender sua própria essência. Talvez fosse mais fácil buscá-la no semelhante ser que se tornou o ‘Cofre sem fundo’ que insiste em lançar para outras dimensões os recursos a serem usados no controle populacional dos Buracos, que se tornaram uma verdadeira praga. Podemos também pensar que o ‘Guardião do cofre sem fundo’ é um bondoso senhor que esta se esforçando para evitar um genocídio, já que os Buracos são seres conscientes. E que a constante e paliativa ação de ‘tapa buracos’ não resulta em nada além de dar aos Buracos o tempo e a proteção necessários para evoluírem com segurança. Neste caso é como se os responsáveis agissem como mães que cobrem seus filhos para o sono reparador de forças. Por isso se faz necessário aqui um conselho para os habitantes da pequena Vila de Queluz: Supliquem ao Guardião (ouvi dizer que ele gosta de suplicas) que deixe de fazer ‘Jardins rebaixados’ e cuide como deveria dos Buracos antes que a cidade se afunde nos mesmos e os jardins se tornem suspensos. Porém se não der certo sempre haverão noites sóbrias, tochas acesas, machados, foices, Picaretas e uma turba enfurecida para caçar seus monstros.

Um dia eles chegam lá!
Foto: http://noticias.r7.com/esquisitices/fotos/maior-buraco-da-russia-afunda-cidade-6.html#fotos

Por Jean Dart (Sérgio Laviann)

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